PALHAÇO CARAMELO

Personagens Januário e Yolanda.
Arte: Camila Giudice

  Conto de Thais Matarazzo
Publicado originalmente na antologia "Palhaços" (Matarazzo, 2019).

Era muito comum no princípio do século XX na cidade de São Paulo famílias ou mães solteiras que não tinham condições de criar os seus filhos, os deitarem na Roda dos Expostos da Santa Casa de Misericórdia.

A maior incidência era de bebês, mas também acontecia de chegar vários irmãos já grandinhos, como nessa história que vou lhes contar.

Rosa de Souza era lavadeira, casada com Raul de Souza. Ele era operário de uma fábrica de vidros. Moradores de um cortiço na Rua das Carmelitas, na Baixada do Glicério (também conhecida como Várzea do Carmo), próximo ao rio Tamanduateí.

Raul era um homem esforçado, dava duro na labuta para sustentar o lar, só que tinha uma grande fraqueza pela boemia. Foram muitas as noites que Rosa passou sozinha a esperar pelo consorte. Aquela situação a amargurava.

Eram casados há dez anos. Jacyra e Almira eram as filhas mais velhas, tinham apenas um ano de diferença. Devido às rusgas conjugais, brigavam, separavam-se e tornavam a ficar juntos. Em uma dessas idas e vindas, a mulher ficou grávida de Yolanda.

Acontece que Rosa havia se envolvido com Tião, um amigo de infância. O rapaz preenchia a sua vida de atenção e chamegos. Ele era o contrário de Raul, rude por fora e por dentro. Rosa não tinha certeza da paternidade do seu bebê. Para evitar ser chamada de adúltera e ser repudiada pelo marido, pela família e pela sociedade, calou-se.

Quando Yolanda nasceu, não era nada parecida com a mãe e nem com Raul. Um ar de desconfiança estabeleceu-se. Rosa jurou que a criança era do cônjuge e que parecia-se muito com a sua avó, uma portuguesa de Trás-os-Montes (que nunca chegou a conhecer). O marido engoliu os argumentos da esposa e seguiram a vida.

Tião não era homem de desistir de um romance. Insistiu no relacionamento com Rosa, seria discreto, mas não queria ser abandonado. Ela consentiu, também estava apaixonada. Quatro anos depois viria uma nova gravidez. Desta feita, Rosa tinha certeza de quem era o bebê: do amante.

Sem desconfiar, Raul estava feliz com a gravidez da mulher e tinha certeza que seria um menino. O Ano Bom de 1925 trouxe o tão esperado varão, o garotinho recebeu o nome de Januário por ter nascido no dia 1º de janeiro.

O menino era bastante parecido com Yolanda: pardo, olhos castanhos claros, cabelos crespos e loiros.

– Parece que o sangue da sua avó portuguesa, d. Manuela, é forte mesmo, mulher! – falou Raul.

– Olha marido, você fala de um jeito que me deixa encabulada. Minha mãe já até te mostrou a foto da minha vovozinha. O que posso fazer?

– Jacyra e Almira nem parecem irmãs dos caçulas. Quanta coincidência, não? – resmungou o consorte.

Com o espírito inflamado, já sem paciência para aguentar aquela mazela, Rosa só não revelou a verdade porque sua mãe entrou no quarto e apaziguou a situação. Dois meses mais tarde, Raul descobriria a traição da esposa. Mesmo sentindo-se ultrajado, não deixou nada transparecer. Continuou a sua rotina. Em uma tarde que conseguiu sair mais cedo da fábrica, voltou para casa, sabia que a esposa estaria a lavar roupas no rio. Ao abrir a porta do quarto que ocupavam no cortiço, encontrou as quatro crianças.

– Meninas aprontem-se, vamos dar uma volta na cidade!

– Papai, o senhor em casa a essa hora? Mamãe sabe que vamos sair? – questionou Jacyra.

– Ah, sabe sim. Eu quis fazer uma surpresa para vocês. Vamos ao cinema!

Grande foi o entusiasmo das garotas.

Raul pegou Januário no berço e saíram.

            Tudo seguia alegremente até que desceram do bonde rumo à Santa Casa, na Vila Buarque.

            – Papai, o senhor disse que iríamos ao cinema e não ao Hospital Central. Ninguém aqui está doente! – afirmou Almira.

            – Ande, ande... Não diga nada! – advertiu o pai.

            Ao descerem a Rua d. Veridiana, pararam todos em frente à Roda dos Expostos, que tinha metade da sua caixa cilíndrica de madeira para o muro externo de um dos prédios do complexo da Santa Casa.

As meninas observaram quando o pai colocou Januário na roda e a fechou. Parecia que o menino tinha desaparecido. Aflitas, as crianças questionaram a atitude do genitor. Ainda na tentativa de acalmá-las e embromá-las, Raul pediu que permanecessem ali, ele iria comprar doces e guaranás e voltaria “num instante”.

            Qual o quê! O homem sumiu!

            Um guarda do hospital observou aquelas garotinhas ali sozinhas e as abordou. Elas contaram o ocorrido. O senhor já sabedor de situações semelhantes àquela, rapidamente soube que tratava-se de mais um caso de abandono.

Levou as três menininhas até à superiora da congregação de São José, responsável pelas “crianças da Santa Casa”. A irmã Lúcia, conhecida como irmã rodeira, relatou que naquela mesma tarde um menino foi deixado na roda. Jacyra e Almira, com respectivamente, oito e sete anos de idade, confirmaram que eram todos irmãos.

            Com as informações obtidas, foi solicitado ao sr. Jesuíno, um funcionário da Irmandade, que averiguasse o caso. No dia seguinte, ao chegar ao endereço informado por Jacyra, Jesuíno não encontrou o casal. Foi comunicado que Raul e Rosa haviam tido “uma briga feia”, chamaram o senhorio e entregaram a chave do quarto.

            – Para onde foram?

            – Não faço a mínima ideia.

            – Conhece algum parente deles?

            – Parece que moram lá pros lados do Ipiranga – respondeu o rendeiro daquela habitação coletiva.

            O sr. Jesuíno partiu rumo ao “bairro da independência”. Pergunta aqui, investiga ali, achou d. Benedita. A mesma ficou surpresa e respondeu que não tinha condições de ficar com os quatro netos, era muito pobre. Prometeu que se soubesse qualquer notícia da filha Rosa ou do genro, avisaria à Irmandade da Santa Casa de Misericórdia.

            Os quatro irmãos foram encaminhados para o Asilo dos Expostos, no bairro do Pacaembu. Quanta tristeza no coração daquelas crianças. Uma vida diferente as aguardava.

As irmãs logo foram alfabetizadas. A vida no orfanato era rígida. Todos deveriam colaborar com os trabalhos internos. De vez em quando alguns artistas dirigiam-se ao Asilo para conhecer e levar um pouco de alegria aos órfãos.

Januário encantou-se com os palhaços que realizaram uma visitação quando ele tinha quatro aninhos. Desde então, repetia para as freiras que queria ser um palhaço quando crescesse, ou então, queria ir embora com eles.

            – Como você é bobo, Januário. Palhaços moram no circo, nós somos crianças e nosso lugar é aqui! – disse Yolanda.

            – Como você é malvada, deixa o nosso irmãozinho sonhar! – replicou Almira.

            A figura e o divertimento do palhaço Lamparina nunca mais sairia da memória do garotinho. O elenco daquele circo realizaria visitas frequentes ao orfanato.

            Seis anos passaram-se. Um dia, Raul de Souza apareceu no Asilo. Conversou com o diretor e expõe o seu caso. Afirmou que naquele momento apenas possuía condições de levar as filhas mais velhas. Prometeu voltar no futuro para resgatar os caçulas.

            Sem maiores detalhes, as freiras ordenaram que Jacyra e Almira arrumassem os seus parcos pertences. Elas obedeceram com certa desconfiança. Ao avistar o pai, não queriam ir embora. E os irmãos? Não houve diálogo, elas precisaram obedecer à ordem paterna.

            Pobres Yolanda e Januário, com apenas dez e seis anos, agora ficariam sem a presença e proteção das manas.

            – Elas vão voltar, como os palhaços do circo! – falou Januário ao ver a chorosa irmãzinha.

            – Será?

            – Você não vê que eles vêm até aqui, fazem palhaçadas e truques, nos aninam, e depois vão embora, passa um tempo e regressam para nos alegrar?

            – Vai ver que será assim mesmo, mano!

            Januário era um menino risonho e feliz. Todos gostavam dele, era altruísta. Memorizava com facilidade passagens bíblicas e as reproduzia para as outras crianças. As freiras apreciavam essa capacidade do menino. Repetia diariamente:

            – Quando crescer serei um artista, um palhaço!

            – Nada disso, você deve dedicar sua vida a Jesus! – dizia a irmã Maria Imaculada.

            – Quero levar alegria para as pessoas através das Artes! E Jesus Cristo estará sempre comigo no meu coração. Mas... padre... Não quero ser não!

            – Olha, até rimou...  – comentou Yolanda.

            – Ora, ora, essas crianças de hoje em dia...

            – Irmã não fique brava comigo.

            – Está bem, meu menino!

            Ao completar 12 anos, Januário foi autorizado a fazer um curso no centro da cidade. Descobriu no caminho um pequeno circo. Certa vez, na volta para o orfanato, resolveu descer do bonde e ir até ao acampamento dos artistas. Rapidamente conversou com um homem que trabalhava como palhaço. Januário encantou-se com a narrativa do seu novo amigo.

            – Você quer ir embora conosco, garoto? – perguntou o palhaço.

            É o meu sonho. Seria possível. Preciso avisar Yolanda. É a minha irmã, só vou se ela for também. Ela tem 16 anos e é muito prendada.

            – E seus pais?

            – Vivemos no Asilo dos Expostos. Não sabemos dos nossos pais.

            – Estamos acertados. O circo parte em duas semanas.

            Na data arranjada, os irmãos conseguiram sair do orfanato sem levantar suspeitas. Partiram com o circo.

            A realidade dura da vida dos artistas circenses logo se revelou a ambos. O trabalho era muito e a compensação pouca. A vida nômade era cansativa. Januário não esmoreceu, logo ganharia notoriedade como palhaço, recebeu a alcunha de “Caramelo”. Yolanda fazia parceria com o caçulinha. Viajaram por todo o Brasil.

            O menino tinha boa voz e aprendia depressa as músicas de sucesso que ouvia no rádio e nos discos. Aprendeu a tocar violão e sua irmã manejava habilmente o pandeiro. Além de ser um poeta “de mão cheia”.

            Até que um dia chegaram à Capital Federal, o Rio de Janeiro. Estiveram em diversos bairros do subúrbio. Caramelo era a grande atração do circo. Receberam um convite para tomarem parte em uma festa oferecida por uma família abastada na ilha de Paquetá.

            A família Carvalho era proprietária de uma chácara na praia dos Tamoios. Com ampla varanda e quintal, muitos coqueiros, palmeiras e flamboyants compunham o jardim da residência. Foi uma festa ótima! Yolanda apaixonou-se por Frederico Carvalho. Quem não gostou nem um tico foi Januário. Sentia-se responsável por sua irmã, sua companheira inseparável.

            Não houve jeito, Yolanda bateu o pé e disse que não seguiria com o circo. Estava cansada daquela existência. Queria se assentar, ter marido e filhos.Januário tinha vocação e alma para ser artista, ela não.

As idas até Paquetá tornaram-se frequentes. Januário sentiu-se mexido: valeria seguir em frente sem a amada irmã? Desde que se lembrava por gente, sempre estiveram juntos. Entretanto, tinha imensa devoção à sua carreira artística.

            Sem saber qual decisão tomar, Januário um dia estava a caminhar pelas areias de Paquetá até que avistou o garoto Julião - que logo puxou conversa. Narrou ao palhaço diversas lendas locais e o levou até à Ponte da Saudade.

            – Januário, contam que aqui nesta ponta de cais, essa ponte foi construída pelo João Saudade, um negro africano que veio para cá como escravo. Foi separado de seu filhinho e de seu amor, chamava-se Januária. Olha que coincidência de nomes! – contou o menino.

            – Pois bem, continue Julião.

            – Ele se tornou um homem triste. Vinha todos os dias aqui onde estamos, rezava e conversava com a lua e as estrelas pedindo para que um dia pudesse rever a sua família. Os anos passaram, o João ficou cada vez mais tristonho. Até que uma noite ele saiu e não voltou para a senzala do seu dono. Os outros negros sentiram sua falta. Ele desapareceu misteriosamente. Nunca ninguém o encontrou. Contam os mais velhos que Iemanjá ficou com pena do João e o veio buscar, seu banzo era maior que o mar. Ele transformou-se em estrela, a estrela que simboliza a saudade de quem perdemos, por isso essa ponte chama-se “Ponte da Saudade”, um tributo ao João Saudade.

            Anoiteceu. Ao terminar de ouvir a contação, Januário pôs-se a olhar para as águas calmas da baia de Guanabara, a lua branca e as estrelas que salpicavam o céu.

            – Acho que vejo o João Saudade.

            – O amigo tem saudades de alguém? Já perdeu alguém especial?

            O palhaço triste contou sua biografia ao novo amigo.

            – Quando eu tinha a sua idade, Julião, fugi com um circo. Nunca conheci meus pais, sei apenas o que minhas irmãs mais velhas me contaram. Nem mesmo Yolanda lembra-se da nossa mãe. Não sei o que foi feito da minha família. Almira e Jacyra me relataram que meu pai se chamava Tião. Oras bolas, quantos Tiãos existem neste mundo? Não sei por onde andam... Também não sei se sinto falta ou saudades deles. Quem sabe um dia possa conhecê-los nesta vida. Só sei que não quero apartar-me da minha querida Yolanda. Vai ver que ela está certa. Essa ilha é um paraíso e eu posso trazer alegria para os moradores daqui. Serei o palhaço da ilha, o artista alegre deste pequeno palmo de chão que flutua nas águas guanabarianas.

            – Falou bonito, amigo, me emocionei!

            – Sou poeta, Julião!

            Januário resolveu estabelecer-se em Paquetá. Yolanda se casou e tudo se acalmou. Ele ganhou muito dinheiro (e soube economizar) durante os seus dez anos de atuação na vida circense. Adquiriu uma boa vivenda próximo ao Solar del Rei, um exuberante casarão que contavam ter pertencido ao rei d. João VI.

            Continuou a fazer apresentações em circos na capital. Tomava parte em programas de rádio, onde fazia esquetes humorísticos e cantava. A popularidade não o abandonou. Januário continuou a levar alegria para as pessoas. Seu público preferido eram as crianças. Sentia que tinha como missão de vida a visita aos orfanatos, queria compartilhar com a criançada um sorriso, uma brincadeira, um carinho, assim como faziam os palhaços que visitavam o Asilo dos Expostos em São Paulo.

             Julião era esperto, observando a inteligência do garoto, Januário resolveu contratá-lo para trabalhar como seu secretário e patrocinou os seus estudos.

            No belo jardim da vivenda de Januário existia um frondoso flamboyant, quando sua copa estava florida parecia o mais belo espetáculo da terra. As flores rubras e fulgurantes enchiam de poesia quaisquer olhos que as mirasse. Em um dos galhos da árvore existia uma casa de João de Barro, estava habitada. Em uma linda manhã de primavera, Julião ficou a observar um momento em que as aves deixaram a casinha, queria ver os filhotinhos. Pegou uma escada tosca e a encostou na árvore, ao subir... Ploft! Levou um baita tombo. Machucou-se. Desistiu do intento.

            Uns meses depois, notou que no emaranhando dos galhos espinhudos da Primavera existia um ninho de noivinhas. Não estava tão alto.

            – Julião. Julião... – gritou Januário.

            Precisando atender ao chamado, o rapaz foi embora. Comentou com Januário que o seu jardim agora era um “berçário de pássaros”. Ele não entendeu bem a conversa, estava se aprontando, terminando de vestir-se de Caramelo. Uma equipe da revista Carioca estava para chegar na próxima barca, agendaram com Januário para fazer uma reportagem sobre a vida do famoso palhaço, atendendo a solicitação dos leitores.

            – Agora não tenho tempo para brincadeiras, meu rapaz. Ajude-me a terminar de me vestir. Não se esqueça de que hoje à tarde deve vir o novo jardineiro, esqueci o nome do tal senhor, foi-me recomendado por d. Ritinha. Está difícil à beça arranjar um bom jardineiro nesta ilha.

            – Está bem, estarei atento. Mas o amigo precisa ver o ninho das noivinhas.

            – De quem?

            – São aqueles passarinhos que são todos branquinhos e tem penas pretas na ponta das asas e na região da cauda. Tão bonitos. Os filhotes já saíram dos ovos, os pais trazem o alimento no bico. Seu canto é curto e agudo. Estou encantando. Existe ali muita poesia. As noivinhas adejam no céu azul com elegância!

            Januário já maquiado e vestido mirou Julião e solto:

            – Agora você deu para ser poeta, garoto?

            – Aprendo com o mestre!

            – Blem! Blem! Blem!

            – Tocaram a sineta. Devem ser os jornalistas. Vou lá abrir o portão. – disse Julião.

            A entrevista foi uma beleza. Foram tiradas muitas fotografias. Caramelo seria a capa da edição do mês seguinte do célebre magazine. Ele contou sobre sua vida e sua carreira. Revelou que foi deixado na Roda dos Expostos pelo marido de sua mãe etc., etc. Os repórteres se emocionaram. Findado o trabalho jornalístico, a equipe foi embora.

            Minutos depois Julião chamou Caramelo para ir ver o ninho das noivinhas. Ele foi. Avistou um dos filhotes com o bico aberto. 

            – Ele deve estar gritando. “Mãe, estou com fome! Mãe, estou com fome!” – sussurrou Julião.

            De repente, Januário pôs-se a observar a cena e lembrou que nunca conheceu a sua mãe. Embora fosse um homem equilibrado e altruísta, artista consagrado, lá no fundo do coração carregava essa mágoa. Desejava sim, um dia, poder conhecer Rosa de Souza, e também o seu pai.

            Rapidamente o casal de noivinhas chegou e os dois afastaram-se do ninho.

            Ouviram chamar do portão. Era o jardineiro acompanhado de uma senhora.

            – Pode deixar que eu atendo. – gritou Yolanda, já prestes a dar à luz. Fora assistir o irmão conceder a entrevista. Ela ficava toda orgulhosa e rasgava elogios ao querido mano.

            Ao chegar ao portão, ela notou que o tal senhor assemelhava-se a Januário. Pareciam ser gêmeos, embora o homem da calçada fosse bem mais velho. Impressionada, ficou parada.

            – Minha senhora, com licença, meu nome é Tião, esta aqui é minha senhora, d. Rosa, viemos saber da vaga de jardineiro.

            – Tião e Rosa... Os senhores são paulistas. Noto pelo sotaque.

            – Sim, senhora. Como a senhora.

            – Um instante. Vou chamar o dono da casa.

            Caramelo veio chegando e assistiu a tudo. Notou o semblante estupefato de Yolanda. Seria possível? Seu desejo realizou-se? Havia pensado no assunto instantes antes.

            Lágrimas rolaram da face do palhaço-homem. Ele falou consigo mesmo, tendo a mão direito ao peito. “As noivinhas, sim, elas foram o sinal da realização do meu mais sonhado anseio. Como Deus é bom!”.

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